Autoconhecimento

O começo de tudo.

“As coisas que vemos são as mesmas coisas que estão dentro de nós. Não há realidade exceto a que está contida em nós” – Herman Hesse

Um homem ou mulher de negócios sem autoconhecimento é alguém perdido que acredita que sabe o que quer, ou ao menos se convence com termos subjetivos. Lucro, crescimento, poder. Mas por quê? Realmente sabe? Ou é apenas eco de sua história, da sociedade, das influencias?

Um empreendedor que não se conhece será arrastado por suas emoções inconscientes. Quando um negócio fracassa,não aprenderá nada porque não saberá o que investigar.

Culpará circunstâncias externas. Quando um negócio prospera, ele atribuirá a si mesmo uma importância cósmica.

Ambas as posições são ilusões.

Pior ainda, um líder que não enfrentou sua própria sombra criará uma organização doente. Seus colaboradores o ressentirão. Não porque ele é exigente, exigência é saudável. Mas porque eles sentem a incoerência das ações. Sentem que ele não sabe quem é. Que está operando a partir de um ego inflado, não de uma integridade e vontade genuína.

Estudos recentes confirmam o que os antigos sabiam instintivamente: 86% dos líderes acreditam que tomariam melhores decisões se tivessem mais autoconhecimento.

Mas observe a ironia: eles não estão investindo nela. Por quê? Porque autoconhecimento é desconfortável. Porque exige que você encare seus medos, suas fraquezas, seus comprometimentos morais e descubra a pessoa que você é, não a que você imagina ser.

A vida empresarial é um espelho. Se você está ignorando aquilo que a vida está refletindo sobre si mesmo, você está desperdiçando a oportunidade mais valiosa que tem, a oportunidade de crescer. De amadurecer.​

O Preço da Recusa

Há um preço para não fazer esse trabalho. Vira-se um prisioneiro de si mesmo. Você constrói um negócio que o controla em vez de você controlá-lo. Você toma decisões reativas em vez de deliberadas. Você é governado por emoções que nem reconhece.

Hermann Hesse entendeu isso. Seus heróis sofrem antes de despertar. Harry Heller em O Lobo da Estepe vive uma vida dilacerada entre duas naturezas , o homem civilizado e o lobo selvagem , precisamente porque não integrou essas duas facetas. Ele não sabia quem era.

Esse sofrimento é necessário. É construtivo. Porque é nele que a transformação germina. Quando você enfrenta sua sombra, tão falada por Jung, quando deixa de pretender ser alguém que não é, há um momento de ruptura profunda. Dor. Mas depois , luz.

O Caminho Prático

Então, como começa? Como um empreendedor ambicioso, acostumado a resolver problemas externos, volta-se para dentro?

Começa com honestidade radical. De perguntas concretas que exigem reflexão profunda:

Comece perguntando-se por que realmente está fazendo aquilo que faz. Que ferida você está tentando curar através do sucesso? Quais são seus medos mais profundos? E como eles estão guiando suas decisões?

Que partes de você está negando? Que comportamentos vê em outras pessoas que o provocam ódio ou desconforto e que revelam aspectos de si mesmo que você não aceita? Como você foi ferido? E de que forma essas feridas moldaram sua relação com autoridade, intimidade, sucesso?

Essas não são perguntas comerciais. São perguntas existenciais. E exigem coragem para responder com honestidade.

Depois vem o trabalho contínuo: meditação, terapia analítica, leitura contemplativa, diálogo com mentores que compreendam a profundidade. Não é rápido. Não é glamouroso. Não gera posts para LinkedIn.

Mas funciona.

Um líder que conhece seus limites é melhor que cem que fingem não tê-los. Um empresário que compreende suas motivações toma melhores decisões. Uma organização liderada por alguém em processo genuíno de individuação vibrará de forma diferente, mais humana, mais autêntica, mais duradoura.

A Verdadeira Aventura

A vida empresarial é apresentada como uma aventura de conquista: venha o mercado, domine seus rivais, construa o império. Mas há uma aventura muito mais profunda: a jornada interior.

Hesse dedicou sua vida a documentar essa jornada. Jung dedicou sua vida a mapeá-la. Sócrates, milhares de anos atrás, reconheceu seu primado: antes de tudo, conhece-te a ti mesmo.

Porque aqui está a verdade que ninguém quer admitir: você não pode ser verdadeiramente bem-sucedido no exterior se está fraturado no interior. Você pode acumular dinheiro. Pode construir um prédio com seu nome. Pode conquistar posição social. Mas estará vazio. E toda noite, quando você volta para casa, aquele vazio permanece.

A vida empresarial oferece uma oportunidade rara: a chance de colocar seus valores em prática todos os dias. De testar sua integridade contra a realidade. De aprender quem você realmente é quando está sob pressão.

Mas essa oportunidade só existe se você a reconhecer. Se você estiver disposto a parar ocasionalmente, afastar-se do caos dos negócios, e perguntar: “Quem sou eu? E por quê?”

Lao-Tsé responderia: “Você é verdadeira sabedoria em busca de si mesma.”

Sócrates responderia: “Você é a pergunta que precisa responder.”

Hesse responderia: “Você é uma obra em progresso, e o progresso é tudo que importa.”

Jung responderia: “Você é a totalidade de tudo aquilo que você conhece e tudo aquilo que nega. Integre ambos.”

E juntos, eles nos diriam: comece aqui. Antes de qualquer voo, ancorei-se em terra firme. Antes de qualquer conquista externa, triunfe sobre si mesmo.

Essa é a fundação que nenhum negócio pode erguer sem. E é por isso que permanece tão raramente percebida, pois é tão simples que nos parece impossível.

Questionário inicial

Não sou psicólogo. Não sou terapeuta. Não vendo cursos nem prometo transformações instantâneas. Sou economista treinado para enxergar padrões, analisar dados, identificar ineficiências.

Ao longo dos anos percebi que a maior ineficiência não está nos mercados, nos sistemas financeiros ou nas políticas públicas. Está na completa e absoluta falta de autoconhecimento.

Com a ajuda de amigos (obrigado, Iza e Edu), criei um questionário. Não é revolucionário. Não é certificado pela APA. É apenas um instrumento para identificar características psicológicas básicas, forças e fraquezas pessoais. Sinta-se a vontade para utilizar.

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